Marcel Henriques

"Uma efêmera da vida. Desde que nasci fui passageiro, a cada ano que se passava tudo ia mudando: meu corpo, meus pensamentos, meus amigos, os locais que frequentava e minhas maneiras de curar o tédio. Vários fragmentos de vida espalhados ao longo da história, em que cada um deles tive a oportunidade de torná-los melhores, para mim e para os a vida dos outros. Até que um dia termina-se aquele extrato de história, e temos que deixar partir para recomeçar o próximo. Vim, causei, passei."

[Marcel Henriques]

''Encanta o canto de praça,
ecoa por todos os cantos.
E o silêncio, que parece de muitos,
implora que cantem, mesmo que em prantos.

A luz que se apaga,
nem sempre é empecilho.
Dá o acorde da próxima nota,
enfeita a cada estribilho

O som que emite as praças,
mil tons que se soltam inquietos,
são vozes cantando agonizadas,
os estalos que saem do concreto.

Qual gaita que expresse
o mundo que acontece,
a letra de alguém que verse,
na música que a praça tece.''

[Marcel Henriques - 20/01/2015]

"De quantas luzes
a cidade ainda precisa
para iluminar um pensamento?

De quantos pensamentos
ainda precisamos
para iluminar essa cidade?

Quantas ruas
ainda faltam na cidade
para que se faça nosso caminho?

E quantos caminhos
são necessários na cidade
para que se faça uma escolha?

Quantos pensamentos
escolhem a luz
para os caminhos da cidade?"

Marcel Henriques
17/12/2014

"Como pode uma caixinha

guardada aqui dentro

fazer tanta birrinha

por esse tal de sentimento?

Como pode uma caixinha

fazer tanto sapateado,

quando te vê na rua

passando descabelado?

Como pode uma caixinha,

fechada com tanta precisão

Deixar entrar tantas pessoas

que só causam confusão?

Como pode uma caixinha,

pequena e vermelhinha.

Bater tanto tambor

por esse trem chamado amor?"

[Marcel Henriques - 28/10/2014]

Eu estava conversando (online) com um amigo, quando ele disse que ainda acreditava no amor, independente de tudo que falassem ele acreditava. Eu não quis interferir na crença dele, uma pessoa nova que ainda tinha muito pra viver, mas meus pensamentos fervilharam, e tive que escrever o que consegui traduzir desses pensamentos.

"Então vá em frente meu amigo, ame!

Se arrume, escolha as roupas mais bonitas,

O perfume mais caro,

o shampoo mais brilhoso,

o olhar mais penetrante,

e encontre um amor.

Escreva frases, poemas,

Cartas e testemunhos de amor.

Mande flores, receba flores com um sorriso,

Marque encontros no final de semana,

Depois no meio de semana,

Até que ocupe todo o seu tempo, se quiser.

"Quando o ebola vier,
e a gente já estiver com aqueles lencinhos.
Como vou ver seu sorriso?
Ou te roubar um beijinho?"
.
[Marcel Henriques - 10/10/2014]

"Quando acordei pela manhã, sentei na cama e percebi que o mundo era exatamente igual todas as manhãs. Eu precisava vestir para ir trabalhar, e para isso usava as mesmas roupas que há anos estão no guarda-roupas, e se revezam diariamente. Isso também se repete com as meias, sapatos e o penteado do cabelo. E que então eu sairia do quarto e tomaria o café da mesma marca de anos atrás, o pão, de uma receita centenária. Assistiria o jornal pela manhã e veria que as notícias que eu vi há 4 anos atrás ainda são as mesmas, e que a opinião dos repórteres ainda são as mesmas, e que tudo que você vê é a repetição de algo que já aconteceu diversas vezes. Desesperado, corri para o quarto dos meus pais, eles também se arrumavam para o trabalho, como faziam todos os dias há 40 anos. Procurei uma mente mais experiente para me ajudar a sair dessa situação enloquecedora, então vi minha avó, acordando pela manhã, como fazia todas as manhãs, e se preparando para um dia-a-dia. Preparando-se para uma rotina que alguém criou antes dela, e que ela transmitiu aos meus pais, e que fui seguindo sem querer. Ajoelhei-me no chão e chorei: '- Senhor, eu sou uma rotina milenar'."

[Marcel Henriques - - 07/10/2014]

"Nunca precisei de responder isso,
na verdade pra mim o céu nem é azul.

O céu pra mim é vago,
é escuro,
faz as estrelas brilharem,
faz as estrelas cairem,
até a Lua, que não tem luz própria
brilha durante a noite.

O céu pra mim não é azul,
ele é da cor que eu quero,
eu estou no paraíso
e tudo que eu vejo é preto e branco.

O céu pra mim não é longe,
o céu é onde estou,
longe ou perto,
isso pra mim não importa mais
tudo que eu quero
é ver as estrelas cair,
é ver o céu riscado
nada mais."

[Marcel Henriques - 13/06/2010]

[PENSAMENTO] Efêmera da vida

[POEMA] (En)Canto de Praça

A cidade dos pensamentos apagados

[POEMA] Caixinha

[POEMA] Então vá, meu amigo, ame!

[POEMA] Ebola

[PENSAMENTO] Sobre prantos e rotinas I

[POEMA] O céu é azul?

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