Eu estava conversando (online) com um amigo, quando ele disse que ainda acreditava no amor, independente de tudo que falassem ele acreditava. Eu não quis interferir na crença dele, uma pessoa nova que ainda tinha muito pra viver, mas meus pensamentos fervilharam, e tive que escrever o que consegui traduzir desses pensamentos.

"Então vá em frente meu amigo, ame!

Se arrume, escolha as roupas mais bonitas,

O perfume mais caro,

o shampoo mais brilhoso,

o olhar mais penetrante,

e encontre um amor.

Escreva frases, poemas,

Cartas e testemunhos de amor.

Mande flores,  receba flores com um sorriso,

Marque encontros no final de semana,

Depois no meio de semana,

Até que ocupe todo o seu tempo, se quiser.

Troque mensagens melosas,

Acorde o outro pra perguntar se está dormindo,

Durma conversando ao telefone.

Vá em festas juntos,

Deixe de ir em festas, afinal o amor é sacrifício.

Elabore jantares românticos,

Ou coma um ‘fast-food’ no final da noite.

Troque beijos, suaves ou selvagens,

Quentes, molhados ou com sabor de creme dental.

Dê selinhos secos depois de um pedido de desculpa.

Brigue, perca sua noite,

Estrague a noite dos seus amigos.

Ligue dois dias depois, chorando.

Ande desesperado pelo quarto,

Deite e role na cama sem dormir,

Perca o sono durante dias e depois ligue,

Insista, até ela resolver atender,

E descubra que ouvir a voz dela é pior.

Esmurre o travesseiro,

Esmurre a parede, se quiser.

Sofra durante dias, semanas

Meses, semestres, se quiser.

Ligue para antigos amigos,

(aqueles que você já tinha esquecido).

Vá pra balada!
Se arrume, escolha as roupas mais bonitas,

O perfume mais caro,

o shampoo mais brilhoso,

o olhar mais penetrante,

e encontre outros amores.

Porque afinal, o amor é assim,

Um samba diário e rotineiro,

Feito de ginga e malandragem,

Muita farofa, couve e feijoada,

Temperado com a pimenta mais brava

E entregue pra gente comer.

Então vá meu amigo, ame!

Se queres realmente amar,

Desejo toda sorte,

Espere a coragem chegar,

Encha o peito de orgulho,

E vá, meu amigo, ame!"

[Marcel Henriques, 24 de outubro de 2014]